Enquanto você se pergunta qual o sentido de toda essa merda, o vento sopra o silêncio de modo circular de rosto em rosto, o sol se esconde atrás das montanhas, com sua incandescência rosa no céu alaranjado e a terra solta o cheiro úmido de chuva. Na ponta da língua da mãe natureza você se encontra, deslizando garganta abaixo para as duras entranhas da vida, com medo, sozinho, movido a reprimidos solos de baixo que nunca te levarão a lugar algum. Sua alma guerreira incendeia as correntes e você se agarra como pode, escalando, rastejando no barranco no qual você caiu por um sonho que não mais habita suas asas. Ao fechar os olhos, sente-se o borbulhar quente correr pelas suas veias, mas você não tem mais medo. Deixe o amor escapar do nó ao qual tuas cordas vocais o submeteram, livre-se dos fios que guiam tuas mãos e chute longe tudo o que fizer de ti uma marionete. Aspire toda a melodia que puder, mas nunca deixe a brasa dos teus olhos se apagar, porque sem a tua individualidade, o que te resta?
Minhas mãos nas suas mãos ao piano. E o nexo, defenestrado.
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