- Engraçado a gente ter se encontrado justo aqui. - Ela comentou.
- Acho que a gente precisava saber um do outro. - Ele respondeu, concentrado em seu sorvete.
Virando na primeira esquina da direita, passaram por um homem que tocava seu violino como quem toca um violão, uma caneca velha esperava aos pés dele e seus olhos estavam fechados.
Eles sentaram no banco mais próximo do homem do violino e permaneceram em silêncio. Ela olhou tão fundo nos olhos dele que ele teve que desviar o olhar.
- E então, o que você fez no último ano? Há tanto a gente não se fala.. - Ela puxou.
- O de sempre, nada de especial.
Pausa.
- Menina, eu tenho que ir. Uma vida pra seguir.- Ele se levantou e jogou os braços ao ar para findar largando-os atrás da cabeça. Um olhar de melancolia.
Ela se levantou também, para vê-lo mais de perto e guardar tudo o que conseguisse daquele momento. Cheiro, iluminação, a melodia do homem do violino, qualquer coisa. Todos sabiam que eles não se veriam mais. O acaso não existe.
- Bom encontrar você aqui. - Ela disse. E foi tudo o que ela pode dizer antes de ele desaparecer atrás do labirinto de paredes no emaranhado da cidade.
O homem do violino recebeu algum dinheiro com a partida da garota. Afortunados foram os que captaram a história planando com o vento naquele dia, mas depois daquilo, nunca mais ninguém ouviu nada parecido.