segunda-feira, 29 de junho de 2009

O que me lembra..

Eu fiquei assistindo você cantando para você mesmo, não sabia que você estaria naquele lual, bem como não sabia se você lembraria de mim, então resolvi ficar te olhando de longe. A garota que estava com você tinha acabado de levantar para cumprimentar umas amigas, e você ficou lá, sozinho no sofá, cantando baixo. Minha vontade era de sentar ao seu lado e cantar contigo, ou te ouvir com atenção, ou só sentar lá, mas eu não fui. E aí eu fico aqui me perguntando se algo seria diferente se eu tivesse dado alguns passos corajosos e dito 'ei, música legal, pode me ensinar?'
Talvez não, talvez sim, talvez a tal da tua acompanhante tivesse chegado bem na hora, perguntado 'quem essazinha pensa que é?' e jogado kadov na minha roupa. Talvez sua acompanhante tivesse sentando e cantado uma ou duas músicas com a gente. Talvez ela não voltasse e você tivesse tempo para inventar uma desculpa e me deixar ali sozinha. Ou talvez você lembrasse de mim, talvez a gente se apaixonasse e talvez a gente tivesse alguns filhos hoje pra ensinar a tocar violão e levar ao parque no domingo pra tomar sorvete de morango. Acho que eu nunca vou saber, mas me arrependo de ter me conformado com essas coisas que nunca farei ou com as que nunca direi.



Noite de karaoke na casa do Gueds. Você e eu, a dupla infalível. Depois de umas quatro edições do evento, todos já haviam desistido de cantar contra nós. Chegava a ser meio chato não ter adversários, vez por outra alguém aparecia e cantava um Mamonas da vida, mas só isso. E eu não posso dizer que achava ruim, você que me fez gostar, sabe.. de música. Tinhamos bilhões de músicas só nossas, daquelas com olhares trocados em partes específicas e brincadeirinhas feitas entre uma estrofe e outra. Palavras que a gente mudava de propósito pra letra ficar mais divertida ou, as vezes, uma ou outra dancinha ou remexer de quadril em momentos estratégicos.
Eu me sentia inteira quando estava com você, quando cantava com você, quando sorria com você, tava até meio na cara, só você que não viu. Todo mundo comentava, quem não conhecia achava até que a gente era namorado, irmão pelo menos. Não sei porque nunca te contei, só sei que a gente foi perdendo contato, depois da escola essas coisas ficam fodas, e aí foi indo, foi acomodando e hoje você está aí pelo mundo. E o pior.. sem mim. Não sei como deixei isso acontecer. Não sei quando te perdi, só sei que metade de mim foi contigo. Hoje escuto nossas músicas e choro, lembro do tempo da casa do Gueds, lembro até de quando ele brincava Ah, mano, vocês dois que vão pagar o aluguel do karaoke. Lembro demais.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Olha lá,

sobre as nuvens da terra distante por onde a gente passou, o mar de sonhos que você deixou pra trás ao ir comigo e os tantos outros que sonhamos juntos.
Tá vendo?

Keep Dreaming Upside Down

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Axolote

Este animal mítico saiu direto dos contos de fadas e dos games de Pokemon para ser o mais novo bichinho de estimação dos seus filhos! Super fácil de cuidar, vive muito bem n'um aquário simples com uma decoração básica e, preferencialmente, com um parceiro. Adquira o seu agora mesmo! Axolote, o bichinho aprovado pelo público pelo sucesso em cativeiro!
Lembre-se de que é necessário mantê-lo sempre dentro do aquário.
Esta larva neotônica sexualmente ativa está clamando para ser o novo melhor amigo do seu filho. E comprando agora você ainda leva o kit Axolote Feliz para ser o melhor dono possível deste animalzinho comedor de insetos e ração para répteis.

- Alguns especialistas acreditam que não existam mais espécimes selvagens.
- Exemplares albinos também são encontrados.

domingo, 14 de junho de 2009

Por um momento ou dois eu realmente achei que seria difícil rir, mas vocês devem gostar de fazer com que eu não tenha razão. Parabéns.

E quando eu estava sozinha, teve o que me levou:
Cafe da mania da Tifannies
I'm not in love this time, this night.
Josey, don't you worry, it's just a phase you're going through.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sem propósito

Ela chegou em casa, jogou a mochila sobre a cama e foi trocar de roupa, pegou a bermuda xadrez alguns números maior e a encarou, vestiu. Pegou a blusa branca decotada, a touca cinza estilo marginal e algumas pulseiras bem rock'n roll. Se olhou no espelho, os cabelos estavam bagunçados, o elástico de sua calcinha estava a mostra e as pulseiras largas tentavam escapar de seus pulsos. Fora do comum.

Foi até o quarto do irmão, pegou suas baquetas e voltou para a frente do espelho. A menina fazia caras e bocas empunhando as baquetas e fazendo pose de estrela do rock. Usava todas as roupas que as amigas diziam não lhe cair bem e todos os acessórios que faziam seus pais a olharem torto, ela se sentia muito bem com tudo aquilo. Muito bem saindo da rotina.

Ela ligou o som e começou a sacudir as baquetas como se estivesse executando uma seqüência complicadíssima em sua bateria imaginária. A campainha tocou, era aquele garoto simpático da casa da frente.

- Você tem um.. - Ele parou e deu uma boa olhada nela. Ela corou. Ele retomou a fala. - um.. deixaram uma carta pro seu pai lá em casa.

O garoto a estendeu um envelope lacrado e voltou a gaguejar:

- Se.. se vocês precisarem de alguma coisa é só ligar. Tem uma caneta?

Ela pegou a caneta e ele anotou o telefone em sua mão. Mais precisamente, seu celular.

-Aí você liga, tá? Até se estiver sem fazer nada e quiser conversar, não sei. Pode aparecer lá em casa também se acontecer alguma coisa com o seu telefone.

A garota fez que 'sim' com a cabeça, agradeceu e fechou a porta. Suas bochechas ardiam, e muito provavelmente as dele também, ambos se encostaram a porta de mogno, ele do lado de fora e ela do lado de dentro, suspiraram em unissono e cada um seguiu seu caminho, esperando alguma coisa acontecer.

Tem coisas que simplesmente acontecem.