sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Meus bilhetes

Cinco amigos, uma escola, um belo dia. L., S., A., E., e eu, passamos o recreio juntos como sempre, nada de muito revelador. Voltamos, tivemos as últimas aulas do dia e o sinal bateu. Enquanto eles arrumavam seus materiais, quase que ao mesmo tempo, cada um encontrou um bilhete de caligrafia arrastada e cheia de pressa. Nos juntamos na porta da sala como de costume e cada um tirou seu respectivo bilhete do bolso. O de L. dizia "Pára de fingir. Não serei seu passa-tempo", o de S. "Chega de drama, o mundo não gira em torno do teu umbigo", o de A. "Não dá mais para ser sua cachorrinha" e o de E. "Cadê teu senso de humor? E tua sinceridade?". Perguntaram se eu também havia recebido um, assenti tirando um papelzinho dobrado do bolso, a caligrafia arrastada me dizia "Falsa; Covarde". Meus amigos ficaram entretidos com aquilo tudo e passaram todo o caminho até o portão especulando quem seria o autor dos tais bilhetes, eu ria em silêncio. Encerrei a conversa com um "deve ser brincadeira de alguém" e fui para casa satisfeita e aliviada por ter dito à eles - e à mim mesma - o que eu queria. Bilhetes, como eu não havia pensado nisso antes?

And a happy halloween

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Enquanto nado em silêncio penso no que me agonia, onde vocês arranjaram coragem para me deixar sozinha aqui? Maldita passagem só de ida pra terra do Longe de Mim. Não entendem a necessidade de sorrir por vocês estarem perto, não entendem a dor no peito de quem ama gente ausente, não entendem o que causaram ao me deixar aqui achando que noutro breve dia quente eu voltaria a respirar.
Ouço meu coração bater desritmado e ecoar n'água. O ar me falta, mas eu não vou voltar à superfície, voltar à realidade, à falta de propósito. Meus olhos ardem, mas eu não vou reprimir as lágrimas que se misturam. Meus pulmões gritam, mas eu não vou me livrar da água que me invade.
Vou continuar nadando em silêncio, boiando em silêncio, chorando em silêncio, sofrendo em silêncio, até a música voltar e juntar os pedaços do meu coração.

sábado, 25 de outubro de 2008

Terceiro show

Hoje, terceiro e último show. They'll rock Porto Alegre tonight!
Saber que eles estão bem ali, no extremo do país, do meu país e não poder estar lá gritando com eles é no mínimo frustrante. Então grito daqui. E grito mais alto.
Well..here's My Heart

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Segundo show

Porque você sabe, né? Quanto mais eles gostarem dos shows daqui, mais rápido eles voltam. Se eles voltarem logo a gente ainda pega um show no nosso país tropical, mas se não, teremos que ir atrás e eu realmente não me incomodo.
Eu posso até ver.
Os celulares e máquinas dançando freneticamente, as gargantas arranhando, os cabelos que pareciam nunca terem sido penteados, pares de mãos se esmagando mutuamente, dedos se quebrando tentando conter a adrenalina, montes e montes de pessoas contendo - ou não - os pulinhos. Até que tudo escurece. As guitarras explodem junto com as luzes, os gritos e os cinco sacudindo as cabeças no palco. Os fãs começam a fazer tudo o que faziam antes de uma vez só, pular dando gritinhos se descabelando e quebrando os dedos de seus companheiros.
I give it all my oxygen
To let the flames begin

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os dois andavam lentamente lado-a-lado depois de uma longa tarde de aula, sem um destino certo.
- Esses dias estão meio nublados demais. - A garota comentou afundando as mãos nos bolsos.
- Ahm? - Ele puxou o fone do ouvido.
- Os dias.. estão nublados demais. - Ela repetiu, encarando-o.
Ele assentiu triste e recolocou o fone no lugar.
- Posso escolher a próxima? - Ele perguntou estendendo a mão.
Ela murmurou qualquer coisa e tirou as mãos do bolso, o aparelho reprodutor de músicas de um verde-desbotado veio com uma das mãos, e o entregou ao garoto. Ele girou o polegar rápido pelo disco do Menu, apertou mais um par de botões e devolveu o aparelho à garota. Uma guitarra começou rápida nas cabeças dos dois e ela sorriu, era a música que ele sempre escolhia, como ela não desconfiou? Trocaram um olhar rápido junto com a vontade de cantar e pararam em um lugar qualquer.
Ele levou o microfone imaginário para perto da boca enquanto ela tocava o piano no ar, as palavras cantadas aos seus ouvidos os preparavam para a melhor parte.
Together... together we will float, like, angels
E as palavras flutuavam, os dois pares de olhos fechados enquanto sussuravam a frase, era quase que regra. E depois jogar a cabeça. Uma gritaria controlada da parte do vocalista, mais guitarra e a mudança repentina na música, tudo pára e vem a batida animada.
If your stomach feels weak then my work here is done
Outro momento que era regra. Ele sorria, afinava a voz e balançava a cabeça com a batida. Ela só ria dele. Ria dele e esquecia o nublado, esquecia tudo. Eram os melhores cinco segundos da música. Ou do mundo.
E aí vinha mais gritaria, guitarra, gritaria com guitarra e uma sirene. E sorrisos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Por que esse medo todo? Alguém me responde. Alguém?
Eu não quero que o amanhã chegue, e se o amanhã for muito diferente do hoje? O hoje já foi bem diferente do ontem e eu não quero que as coisas fiquem mais e mais distantes do ante-ontem, dá pra entender?
Medo. Eu tou com medo. Tou morrendo de medo de tudo, morrendo de medo de nada.
Morrendo.
Medo.

A gente tem mesmo que promover o desapego?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

The story of a life

Eu lembro bem, éramos crianças, crianças normais, crianças que viveram, não dessa nova geração de crianças loucas que vão pra balada a noite e ficam no Orkut até tarde, éramos apenas crianças. Eu e você naquele parque perto de casa, você jogava bola com a sua turma e eu pulava amarelinha com a minha, no quadrado cinco sua bola resolveu me conhecer, caí de bunda no chão e esfreguei o rosto com as mãos sujas, minhas mãos me encararam cheias de um vermelho vivo enquanto todas as minhas amigas gritavam e se desesperavam. Seus amigos riram, mas quando o vermelho chamou a atenção deles, todos correram até mim. Você tirou a camisa nem tão limpa do corpo e secou meu rosto, lembro de pensar 'eca, é um menino', mas estava muito atordoada para tocar em você e te empurrar. Perguntou muitas vezes se eu estava bem, lhe disse que sim e você foi embora, descrente. Foi a primeira das vezes em que você cuidou de mim.
Depois do parque lembro de cruzar com você várias vezes pelas ruas perto de casa, você me chamava pra brincar por consideração e eu recusava, para o alívio de ambas as partes, por medo de pegar piolho. Os anos que seguiram foram assim até a conhecida 'pré-adolescência', fase em que eu, você e todas os outros com nossa idade começamos a nos interessar pelo sexo oposto, fase em que as garotas andavam em bandos dando risadinhas e que os garotos desfilavam com pose de atleta por perto desses bandos. Uma das garotas da nossa turma da escola resolveu dar uma festa, todos os nossos amigos estavam lá e você estava uma gracinha, você me ofereceu um copo de refrigerante e me chamou para passear lá fora, o céu estava lindo e estrelado, você pegou na minha mão e me deu um beijo na bochecha. Foi a primeira vez -das muitas- que namoramos.
O tempo passou e nós passamos com ele, um pouco mais velhos você me chamou para ir ao cinema com você e seus amigos. Aceitei. Na porta do cinema eu esperava nervosa, não sabia porque, mas estava nervosa. Você chegou sozinho, disse algo sobre alguns amigos terem desistido, outros estarem de castigo, outros viajando e outros não terem confirmado se iam, eu, ingênua, acreditei. No meio do filme você me cutucou, eu virei e você me roubou um beijo, passei mais tempo do que gostaria digerindo a informação e você esperando o pior, no fim das contas nos beijamos outra e outra vez. Foi o primeiro dos filmes que não assistimos.
No auge de nosso adolescer, você lembra, o Bruno havia completado dezessete e conseguiu que os pais saíssem de casa para ele dar uma festa, arranjamos bebidas e todo o resto. De todos os convidados, nós éramos os únicos ainda alegres, você me levou para um cômodo qualquer e lá ficamos. Sorrisos, mãos, bocas, barrigas, nucas, coxas, narizes. Foi a primeira vez que nos desejamos.
Por muito tempo seguimos cuidando um do outro, namorando e rompendo sabendo que estaríamos sempre juntos, perdendo cenas cruciais de filmes esquecidos e nos desejando mais e mais até que você se foi. Te levaram de mim e contigo toda aquela certeza. O banco daquele parque foi meu melhor amigo por muito tempo, ele me ouviu, fez companhia, apagou meus cigarros e se molhou com minhas lágrimas, até esperou você voltar. Hoje não choro mais, não choro nem te espero, ninguém nunca voltou do lugar pra onde te levaram -ok, talvez Jesus, mas apenas ele- apenas penso e respiro. Me sinto sufocar toda vez que volto aqui, metade fumaça de cigarro e metade nostalgia, acredito, mas não é uma sensação ruim, me faz acreditar que vou te encontrar mais cedo. Não, não sou nenhum tipo de suicida, mas também não tenho medo de partir. Eu sinto a sua falta.
Porra, e como sinto.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Porque sempre é melhor postar..né?

A chuva chovia muito forte, maldito dia para sair sem guarda-chuva, os carros voavam na pista provocando ondas enormes de lama e eu tentava fugir delas, avistei uma luz fraca no fim da rua, uma loja, corri até lá e entrei. O lugar era mal-iluminado para uma livraria, era estreito e tinha um cheiro engraçado, dei um par de passos para dentro da loja e me lembrei que estava molhada dos pés a cabeça, um homem que parecia ser o dono do lugar me olhou com um ar de reprovação e desapareceu atrás de algumas estantes, outro se aproximou de mim, sorriu e sussurrou um "está tudo bem", sorri de volta. Larguei o casaco e a mochila ensopados na entrada da loja e fui olhar mais de perto uma das estantes de madeira trabalhada.
Escolhi um livro de capa verde e preta e fui procurar o atendente simpático, ele não estava a vista, criei coragem, apertei o livro contra o peito e fui perguntar o preço ao dono da loja. O dono da loja era um grandalhão ruivo com cara de poucos amigos, ele tomou o livro das minhas mãos, deu uma olhada rápida na contra-capa e grunhiu um 'Trinta e nove', ríspido. Trinta e nove, amassei um par de notas no fundo do bolso, como eu pretendia comprar alguma coisa com apenas vinte? Murmurei um tímido 'obrigada' e me virei rapidamente, dando de cara com alguma coisa. Quando abri os olhos eu e o atendente simpático estávamos caídos no chão com um monte de livros a nossa volta, não pude ver o olhar de desprezo que o grandalhão ruivo me mandou, apenas o conhecido sorriso de "está tudo bem" do atendente. Seus cabelos castanhos caídos sobre o rosto enquanto ele apanhava os livros, seus dentes mordendo o lábio para conter o riso, as mangas da blusa social verde se dobrando e desdobrando junto com os braços, suas orelhas estranhamente pontudas num estilo meio Elfo,.. "Ajude ele, idiota" uma voz gritou na minha cabeça me acordando do transe momentâneo. Lembro de, enquanto apanhava os livros, desejar aquele clichè dos filmes em que as mãos se tocam enquanto eles pegam um objeto - no caso, um dos livros - trocam olhares apaixonados e na cena seguinte se atracam atrás de uma estante qualquer. Enrubeci ao me dar conta que ele olhava para mim e agradeci por ele não poder ler mentes. Ele não podia, podia? Desespero momentâneo, bochechas quentes e frio na barriga, peguei minhas coisas tentando parecer normal, gritei um 'tchau, Elfo' e saí da loja. Tchau, Elfo?! Isso porque eu queria parecer normal, seria melhor ter passado uma cantada de pedreiro no cara e depois a mão na bunda dele!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Confissão tardia

Ela nem queria, mas ele havia passado o dia com ela - em todos os seus diálogos, em seus pensamentos, em seus devaneios, tudo.

Chegou em casa, atirou as roupas sobre a cama e ligou o computador como de costume. Uma música qualquer começou alta e um barulho intruso lhe chamou atenção, uma barrinha laranja piscava frenética no canto da tela, era ele. Ela clicou na pequena barra, começaram a conversar. Conversa vai, conversa vem e ele soltou: “Deixa eu te dizer uma coisa? Eu te amo.” Ela congelou, leu e re-leu a tal frase, digerindo a informação. Tá, ele era um menino e meninos sempre vulgarizam e exageram as coisas, mas ela se sentiu muito bem mesmo assim. “Tem pessoas que nos fazem bem, né?” Mandou. “Tem sim” ele respondeu. “Você me faz bem” Os dois mandaram simultaneamente, leram e sorriram aquele sorriso, o bobo.


Um belo dia perdido nas páginas do mês de abril.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Me abraça forte para eu me sentir viva até o último minuto.
E eles sempre me disseram que era um erro. Sempre disseram que era besteira e idiotice me apaixonar por alguém que tinha os dias contados. Mas eu não achei ruim de jeito nenhum ter me apaixonado por você, ter passado por tudo o que a gente passou, ter vivido cara momento e ter dividido cada resquício de felicidade contigo. Não me arrependo. Sofri e ainda sofro com a sua falta, mas o que eu posso fazer? Se você não tivesse me feito prometer não acelerar as coisas pode ter certeza de que eu estaria aí com você, onde quer que você esteja, mas eu posso esperar. O que são mais alguns anos, eu nem devo durar muito. Ponho a culpa na medicina mesmo sabendo que sem ela você não teria me acompanhado por tanto tempo.

Pelos meus ovários!! Pra onde foi minha criatividade?!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

The baby brother

Gracinha. Companheiro. Tudo de bom.
Com 13 anos a gente já é adolescente?
Bem, você é o meu favorito.
Feliz aniversário atrasado, criatura.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Promessa de eternidade

- Aí quando a gente casar a gente pode morar em algum lugar legal aqui perto. - Ele disse num tom nem tão brincalhão assim.