O homem se ajoelhou aos pés dela, com o olhar marejado e borboletas no estômago, puxou o próprio coração do bolso interno do casaco e o ofereceu à mulher que o observava com um sorriso no rosto. Ela tocou o órgão quente com a ponta dos dedos frios e se ajoelhou também, o rosto perto do rosto do homem. Ele respirava rapidamente, e se o seu coração não estivesse na palma das mãos, com certeza estaria tentando sair pela boca. A mulher passou os dedos leves pelo cabelo do homem, acariciando sua nuca, e com o mesmo sorriso com o qual chegou, ela partiu, sem dizer nada ou sem ao menos olha-lo nos olhos. O homem permaneceu onde estava, no chão, com lágrimas rolando o rosto e um pulsar fraco e desritmado nas mãos trêmulas. A mulher e sua expressão da vinciana flutuaram para longe, guiadas por um par de olhos foscos e um coração impermeável.
E o mesmo aconteceu com a fila de homens que a seguiu, encantados com o seu ar misterioso, porém cegos o bastante para não reparar na falta de humanidade no fundo de seus olhos.