segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sabor de fruta mordida

Eu estava na metade do caminho da padaria e alguém me cutucou.
- Oi. - O garoto disse.
- Oi.
- Er.. eu.. acho que você é o amor da minha vida. - Ele disse, olhando no fundo dos meus olhos.
- Por que diz isso? - Perguntei examinando os dele.
- Não sei, algo me disse para chegar e te contar.
- Obrigada. - Sorri.
- Disponha. - Ele sorriu de volta. - Bem.. acho que é isso, tenho que ir agora.
- Tchau, bom te conhecer.
- Também achei.
Ele me beijou a bochecha e desapareceu atrás de umas casas. Segui meu trajeto e comprei meu pão.

O domingo finalmente chegou, dia de andar de bicicleta. Estava passeando pelas ruas quando me deparei com eles, o garoto do outro dia e uma garota que eu nunca havia visto. Eles caminhavam, seus dedos entrelaçados e um sorriso no rosto dela. De repente tudo pareceu tão óbvio, não sei como não notei antes que aquele garoto era o amor da minha vida. Estava escrito na testa dele, e talvez na minha também. Pedalei mais rápido e passei do casal, lancei um último olhar para ele, vi quando ele, discretamente, pegou meu olhar e guardou no bolso. Sorri pra ele e ele pra mim, ele desapareceu atrás de novas casas e eu atrás de toda a minha estupidez.
Não foi a última vez que nos vimos, mas com certeza foi a que chegamos mais perto de um 'felizes para sempre'.

5 comentários:

Ila Marinho disse...

Cara..Isso foi a coisa mais triste que você já escreveu.

B. disse...

Ah, eu gostei. Achei realista.

Ila Marinho disse...

Não estou dizendo que não gostei,é um texto ótimo!Mas é triste.

Johanna disse...

Gostei também, triste mas muito bem escrito. Gosto do jeito que você coloca as palavras juntas.

Seph disse...

aposto que ele diz isso pra todo mundo, inclusive pra essa moça com quem ele tava andando ._.