quarta-feira, 11 de março de 2009

Relatos confusos

Na Rua Albuquerque, na esquina da casa 6, perto da calçada, aos pés da árvore, sentados na pedra, debaixo da chuva, nos beijamos. Como nosso primeiro beijo e importantíssimo por ser o beijo de reconhecimento de território, percebi algumas coisas. 1- Seu beijo era suave de um jeito fantástico 2- Beijar na chuva trás uma sensação boa 3- Eu e ele tremíamos, provavelmente de frio 4- Meu coração batia rápido de um jeito estranho, achei que ia explodir, mas eu não podia explodir sem olhar nos olhos dele e dizer algo tipo 'uau, você mexe comigo, mocinho', ou qualquer outra idiotice que eu conseguisse empurrar através do meu sorriso-bobo 5- Ok, acho que não notei tantas coisas, estava ocupada.
Encostei minha testa na dele e ficamos assim algum tempo, seus lábios pressionaram os meus mais um par de vezes e voltamos a nos olhar, tão perto, tão perto.
Prometemos nos encontrar ali no outro dia e o fizemos, várias vezes, e com o tempo e nossos encontros, meu coração infantil se preenchia. Não foi preciso mais que algum tempo para meu coração ficar cheio de todos aqueles sentimentos loucos e bruxuleantes, minha barriga ficar cheia de todas aquelas borboletas agitadas e descordenadas, meus olhos ficarem cheios de vontade dos olhos dele e os procurarem a cada momento na rua, no céu, na minha casa, minhas mãos ficarem cheias de vontades de traçar o contorno das mãos dele e todos esses tipos de sensações que caras potencialmente perfeitos nos proporcionam.
Mas isso tudo já faz muito tempo, nossas vidas tomaram rumos diferentes por razões ridículas há muito e hoje somos pessoas diferentes, peças de um quebra-cabeça que com o tempo (e a criança tentando encaixa-las com o controle-remoto da TV) se desgastaram, talvez não encaixem mais em peça alguma, mas isso só o tempo vai dizer, talvez a criança estivesse tentando forçar uma das peças de cabeça pra baixo, talvez elas fossem mesmo peças feitas para ficar juntas, talvez essas metáforas de peças e crianças com controles tenham me deixado meio louca, ou talvez a falta que eu sinto dele tenha feito isso. Talvez esteja na hora da minha novela, ou do remédio, ou de dar banho no gato.. Mas se você puder ler isso e puder dizer com certeza que não esqueceu da nossa pedra sob nossa árvore perto da calçada na esquina da 6 da nossa Rua Albuquerque, vou seguir a melodia que você emana, vou te encontrar e vou poder te dizer com certeza que te quero lá em casa, na bancada e com limão.
Hohoho..

2 comentários:

Ila Marinho disse...

NA BANCADA E COM LIMÃO?Uau,gata.

Porra,eu ia postar mas teu post sugou toda a minha inspiração.
Ficou muito de bom,de verdade.

B. disse...

Eu ia comentar 'na bancada com limããão', mas a Ila já destacou essa parte...