O formigamento da ponta do nariz correu aos dedos, percorrendo o corpo em forma de impulsos elétricos que saltavam e ziguezagueavam pelo sistema nervoso, desritmando, acelerando, embolando, tocando, esquentando e sorrindo. Das pupilas dilatadas à cor dos olhos, tudo conseguia ser estranhamente novo, estranhamente nítido e estranhamente nosso.
domingo, 30 de maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Rhapsody
Esvazio os pulmões e trago a tranqüilidade que você emana, a esperança invade meus pulmões de súbito e eu abro os olhos. Você está ali onde eu deixei, sorrindo pra mim por trás do seu-meu par de óculos favorito e eu sorrio de volta, aliviada. Você me puxa para o seu encontro, me cobrindo com seus braços e escondendo meus lábios, afastando-os do frio. E assim minha mente enlouquece em piruetas e estalos, enquanto tudo o que você faz é ser você, mas ser você comigo é mais do que eu preciso.
terça-feira, 11 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
Musa das queimaduras de sol
Enquanto você se pergunta qual o sentido de toda essa merda, o vento sopra o silêncio de modo circular de rosto em rosto, o sol se esconde atrás das montanhas, com sua incandescência rosa no céu alaranjado e a terra solta o cheiro úmido de chuva. Na ponta da língua da mãe natureza você se encontra, deslizando garganta abaixo para as duras entranhas da vida, com medo, sozinho, movido a reprimidos solos de baixo que nunca te levarão a lugar algum. Sua alma guerreira incendeia as correntes e você se agarra como pode, escalando, rastejando no barranco no qual você caiu por um sonho que não mais habita suas asas. Ao fechar os olhos, sente-se o borbulhar quente correr pelas suas veias, mas você não tem mais medo. Deixe o amor escapar do nó ao qual tuas cordas vocais o submeteram, livre-se dos fios que guiam tuas mãos e chute longe tudo o que fizer de ti uma marionete. Aspire toda a melodia que puder, mas nunca deixe a brasa dos teus olhos se apagar, porque sem a tua individualidade, o que te resta?
Minhas mãos nas suas mãos ao piano. E o nexo, defenestrado.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
A verdade é que todos os dias eu decido que vou te deixar ir, que essa história toda já deu o que tinha que dar e que sou melhor sem você.
A verdade é que eu não sei o que é melhor pra mim.
A verdade é que talvez eu devesse ir, eu devesse mudar, eu devesse parar de esperar que algo aconteça, eu devesse parar de jogar pedras na sua janela e de me esconder antes que você consiga aparecer no parapeito.
A verdade é que quando eu te encontrar amanhã, meu estômago vai revirar como se eu não soubesse a verdade.
A verdade é que eu estou contracenando com um conto de fadas.
A verdade é que eu não me importaria de sonhar por mais cinco minutinhos.
A verdade dói.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Só os loucos sabem
Era amarelo o pingo de tinta que caiu na minha folha, até então, branca. A medida que ele se espalhava, você ia aparecendo na folha sobre a prancheta, sorrindo, se divertindo com aquele teu inseparável par de óculos. Um arrepio correu pelo meu corpo com a velocidade do filme que se passava diante dos meus olhos. Lógico que eu havia perdido completamente a razão, mas o Dionísio em mim só incentivava. Eu me lembro de tudo, você estava aqui com aquele seu jeito que me faz sorrir por dentro; eu, você e o amarelo no branco.
O violão proveniente das caixas de som provocava formigamento na ponta dos meus dedos, dedos estes que foram de encontro a todo aquele amarelo, espalhando-o. E num instante você estava em toda a folha, no chão, no quarto e - mais do que tudo - em mim.
Em mim; na disritmia do meu coração, no suspiro dos meus pulmões, no cobre dos meus olhos, e como se não bastasse, sob os meus pés, me roubando o chão.
Suas mãos deixaram saudade nas minhas
Seu sorriso deixou saudade no meu
Mas disso, só os loucos sabem.
Dedico este ao teu abraço quente, ao teu jeito engraçado de comer e ao teu jeito de andar, se apoiando em mim, de leve.
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