sábado, 14 de junho de 2008

Só pra imaginar

O vento no rosto, as caixas de som gritando seu CD favorito, você grita com elas.
Uma curva. Agora sol e vento no rosto. Você abaixa os óculos escuros que antes eram apenas um enfeite. Você des-afunda do banco de couro, a música sopra seu cabelo com o vento, você está sozinha.
Um par de mochilas com tudo o que você vai precisar no banco de trás, você está usando seu short favorito, Destino está logo a sua frente e você segue.
Um conjunto gracinha de nuvens cobre o sol, o calor desiste de você e vai abraçar outro carro. Um cara bronzeado e sorridente buzina atrás de você. Estão agora lado a lado. Estou indo para Lugar Nenhum, e você? Destino. Poxa, é caminho, posso ir seguindo?. Você faz cara de pensativa. Claro, por que não? Legal. Ei, eu adoro essa música! Ele sorri e aumenta o volume, você abaixa o seu. Os dois estão em silêncio, você aponta uma lanchonete-beira-de-esquina. Quer parar? Claro. Os carros estacionam lado a lado, você pega algumas notas na mochila e as amassa no bolso, ele abre a porta para você e você percebe que nem sabe seu nome. Sorri.
Ele puxa um dos bancos de metal e você senta. Um café e um suco. Ele tinha uma cara de Gabe e você resolve chama-lo assim internamente.
Suas mãos estão sobre a mesa, uma tocando o copo de suco e a outra esperando. Ele toca a ponta de seus dedos, você não demonstra objeção. Mãos dadas e olhando nos olhos. Conversa.
Ele se levanta e paga a conta. Vamos? Você pergunta quando chegará a hora em que ele lhe dirá seu nome, ele sorri e bagunça o próprio cabelo. Deixei meu nome para trás, pode me chamar do que quiser. Gabe, então. Gabe? Eu gosto. Ele pensa um pouco, sussurra o nome para testar a sonoridade, põe os óculos escuros e diz decidido: Gabe então.
Cada um em seu carro, o vento brincando com o par de rostos, você grita que costumava se chamar Jéssica, ele diz que é uma pena mas agora você se chama Belle. Nomes gringos para uma vida nova? Sempre gostei mais dos nomes gringos. Mas esse meu Brasil eu não largo. Nem eu, gata.
Seguiram juntos por mais algumas "bê-erres" cuspindo conversa e trocando olhares de sol quando possível.
Chegam em Destino e param, ele sai do carro para se despedir. Vou continuar até Lugar Nenhum, resolver o que preciso e volto aqui pra ver você. Volta mesmo? Volto, acredito em destino. Ele lhe rouba um beijo, sorri malandro e entra no carro. Você sorri também.

6 comentários:

B. disse...

E pensar que tudo o que precisamos é um carro e... dinheiro. Não tem mais nada nos impedindo de abrir a porta e sair por aí, para descobrir e brincar com o mundo, a não ser a nossa imaturidade, acho...

Ila Marinho disse...

Porque de jeito nenhum que eu vou trocar essa vida cheia de sol,viagens de carro,um self-service de aventuras e Gabes por um escritório frio e algumas muitas xícaras de café velho.Não nasci pra isso!

Ila Marinho disse...

Poisé,eu também.Nasci pro sol.Que frase mais linda.

B. disse...

Hm, fazer os anos 00 em anos 50... essa é uma boa idéia!

Ana Luiza disse...

Viver viajando por ai de carro?vida perfeita. *-*
:*

Ila Marinho disse...

Um sorriso cheio de estrelas pra você, meu anjo.