domingo, 24 de agosto de 2008
Rather feel pain than nothing at all
Seus olhos estavam vermelhos e ela gritava, ele não a ouvia, mas sabia que ela gritava. Seu rosto cansado se contorcia a cada palavra cuspida, ela o olhava com um ar de desapontamento e angústia, ele já estava acostumado. Ele se remexeu no sofá enquanto ela gritava, apertou os fones contra os ouvidos e aumentou o volume, a mulher continuava a gritar em seu filme mudo. Ele revirou os olhos, ela começou a chorar, foram só algumas lágrimas, mas pareceu durar uma eternidade, era como se ele a assistisse em câmera lenta. A mulher parou de gritar, colocou o cabelo grisalho atrás da orelha, respirou fundo e o encarou. Ele abaixou o volume para se certificar de que ela não gritava mais, levantou e passou direto por ela. Ela encarou as costas do filho até elas se perderem atrás de uma porta, largou-se no sofá e enterrou o rosto nas palmas das mãos. Enquanto ela chorava de dor ele fumava alguns cigarros na tranqüilidade de seu quarto em seu apartamentinho à beira-mar.
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2 comentários:
E a gente acha que não tá ferindo ninguém..
que filho da puta ._.
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