sábado, 23 de maio de 2009

Sobre vaga-lumes

♦O garotinho corria atrás das pequenas criaturas que dançavam a sua volta. De mãos abertas e brilho nos olhos grandes, gargalhava pelo campo sob o olhar vigilante do pai, que sorria e se divertia junto. Os vaga-lumes voavam para fora do alcance do garoto, mas sempre voltavam para lhe arrancar mais um par de sorrisos sinceros.
♦O executivo sob pressão parou o carro no acostamento meio de qualquer jeito, sacou o maço de cigarros e acendeu o primeiro, aspirou as toxinas com vontade e soltou a fumaça aliviado. Repetiu o exercício respiratório mais algumas vezes e ao abrir os olhos, sorriu, sorriu por ver um pouco de natureza em meio a toda aquela cidade. O vaga-lume saiu rápido do campo de visão do executivo, mas sua aura permaneceu na cabeça do homem por mais dois cigarros inteiros. Deu uma última tragada, abandonou o filtro sob a sola do sapato e voltou à sua vida.
♦Do outro lado da cidade um casal apaixonado trocava juras de amor eterno em meio às árvores. Deitados no capô do carro, dedos entrelaçados, embalados pela música qualquer que tocava no rádio, o casal contava estrelas. O primeiro vaga-lume apareceu e prendeu o olhar dos dois, iluminando-os por dentro. Com suas asas cansadas pousou numa árvore, a respiração ritimada e os corações do casal acompanharam o acende-e-apaga do vaga-lume, já velho.

♦Da comunidade: "these tiny creatures have always mesmerized me with their angelic glows visible as gentle flashes during countless warm summer night walks. Community dedicated to the little fairies of the dark :) and to people who've ever observed them and fallen in love with them :)"

♦Do diálogo: "Engraçado como eu inventei toda essa história de vaga-lume pra te ajudar a sair da caverna, mas quem teve o caminho iluminado fui eu.."