domingo, 31 de agosto de 2008

Meu pedido de natal

Papai Noel, eu sei que está meio cedo, mas é que eu já tenho meu pedido e nenhuma estrela-cadente tem passado aqui por perto, sabe como é, né? Então resolvi escrever pra você. Quanto antes melhor, né? Assim você tem mais tempo pra achar meu presente.
Não quero ninguém para me seguir, não quero ninguém para vir até mim, de natal quero alguém para vir comigo. Por livre e espontânea vontade, sem compromisso, sem mais nem menos.
Papai Noel, tudo o que eu quero nessa vida é um companheiro, um alguém que me acompanhe escalando ou caindo, caminhando ou velejando, voando ou rolando até onde a gente chegar.
Não é tão difícil, é? É bem mais simples que aqueles pedidos de paz mundial ou de eletrônicos recém-lançados.
Se você puder me ajudar ou pelo menos ler com carinho.. agradeço desde já.
Com amor e uma pitada de ansiedade,
Eu.

Letra cursiva embolada

A professora cuspia palavras que, para a menina de olhos castanhos, não faziam o menor sentido. A menina pegou a caneta de fita vermelha para anotar tais palavras quando um papel foi jogado em sua mesa, ela buscou a dona do papel e seu olhar cruzou com o da menina de olhos negros. A dos olhos negros sorriu, apontou para o papel e voltou a encarar o quadro. Os olhos castanhos encararam o papel cuidadosamente dobrado e o desdobraram, os olhos leram as palavras rabiscadas e sorriram. A dos olhos negros presenciou a cena em silêncio e sorriu também.

"Smile.Big.BIGGER.Yeah,now you look happy :)"

sábado, 30 de agosto de 2008

Como dormir com você na minha barriga, na minha cabeça, na minha boca?
Acordei hoje com vontade de você.

how are ya, how have you been
boy I miss you
wanna see you again
oh why ya, wanna be there
when you could be here
boy I'm slipping away

I bring out the worst in you
and you try to let me know
you bring out the worst in me
anxiety, anxiety

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Oi, eu sou uma pessoa


Sou oficialmente uma pessoa, também conhecida como Pessoa Física, há mais ou menos quatro anos. Atualmente me encontro na porta do Programa de Avaliação Seriada em busca de uma vaga na Universidade de Brasília. Sinto a pressão de ser gente pulsando em mim, é realmente algo assustador. Fiz a besteira de, apenas no fim do ano, me dar conta de que estou concorrendo com montes de outros adolescentes, lutamos uns contra os outros por uma chance de construir nossos futuros. Eu, uma pessoa que sempre teve uma vida fácil, do dia para a noite me vejo cercada por rivais n'uma luta de habilidades e capacidades. Eu, uma pessoa desmotivada e mal-acostumada. Tudo agora está muito estranho para mim, já passou da hora de cair de cara nos livros então não sei se ainda consigo muita coisa.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Certezas


Tarde de chuva, Tom e Marco ligaram o video-game na TV grande da sala e começaram a jogar.
- Meu carro é muito melhor. - Marco se gabou.
- O meu é ruim mas aposto que eu ganho mesmo assim. - Tom rebateu.
A luz verde acendeu, os garotos arregalaram os olhos e botaram suas respectivas línguas para fora, era a cara de concentração no video-game. O carro de Tom começou na frente, mas acabou ficando para trás em algumas voltas.
- Droga! Você 'tá roubando, Marco!
- Não é nada, você que é ruim!
O carro de Tom alcançou o de Marco nas últimas voltas, mas não teve jeito, Marco era claramente melhor, talvez por apertar o botão de freio nas horas certas. Tom dizia que frear antes das curvas era besteira, por isso na maioria das vezes seu carro ia parar no acostamento.
- Não valeu, a próxima eu ganho.
- Quero ver.
A tarde foi passando ao contrário da chuva, cheia de vitórias e derrotas para ambos, cheia de apertar de botões e acidentes de carros fictícios.
- Já chega, né? Meu bumbum já 'tá ficando quadrado de ficar sentado, vamos fazer outra coisa.
Os meninos encostaram os respectivos narizes no vidro frio da janela e suspiraram por não poderem empinar pipa, a chuva estava mais fraca, mas ainda chovia. Tom murmurou qualquer coisa, abriu a janela, arregaçou as mangas e pulou para o lado de fora, caindo com tudo em uma poça de lama.
- Tom! Sai da chuva!
O menino de bochechas rosadas e calças recém-sujas ria como se a chuva o fizesse cócegas, ficou de pé com um salto, agarrou o braço do amigo e o puxou para fora da casa. Tom caiu de volta na lama com Marco em seu colo.
- Droga, Tom, você vai ver!
Tom se serviu de um bom punhado de lama, o esfregou na blusa do amigo e correu. Marco correu atrás dele gritando, mas antes que pudesse perceber estava rindo, os dois estavam rindo.
Marco chutou uma porção de lama nas calças do amigo enquanto corria e quase que imediatamente se atirou em suas pernas, levando os rostos dos dois ao chão. Tom e Marco limparam os rostos, se encararam e riram, riram até as barrigas doerem, riram até chorarem, riram por estarem ali, riram de felicidade, riram por serem amigos e riram por estarem bem bonitos enlameados. Eles nem precisavam dizer, mas sabiam que aquela felicidade de existir, a felicidade de terem se conhecido, a felicidade de passarem tempo juntos e a felicidade de serem melhores amigos os acompanharia para sempre.

domingo, 24 de agosto de 2008

Rather feel pain than nothing at all

Seus olhos estavam vermelhos e ela gritava, ele não a ouvia, mas sabia que ela gritava. Seu rosto cansado se contorcia a cada palavra cuspida, ela o olhava com um ar de desapontamento e angústia, ele já estava acostumado. Ele se remexeu no sofá enquanto ela gritava, apertou os fones contra os ouvidos e aumentou o volume, a mulher continuava a gritar em seu filme mudo. Ele revirou os olhos, ela começou a chorar, foram só algumas lágrimas, mas pareceu durar uma eternidade, era como se ele a assistisse em câmera lenta. A mulher parou de gritar, colocou o cabelo grisalho atrás da orelha, respirou fundo e o encarou. Ele abaixou o volume para se certificar de que ela não gritava mais, levantou e passou direto por ela. Ela encarou as costas do filho até elas se perderem atrás de uma porta, largou-se no sofá e enterrou o rosto nas palmas das mãos. Enquanto ela chorava de dor ele fumava alguns cigarros na tranqüilidade de seu quarto em seu apartamentinho à beira-mar.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Assim

Por que quando te quero longe você está em tudo o que eu vejo?
Por que você me machuca e age como se nada tivesse acontecido?
Por que você não dá um tempo nas mentiras?
Por que você faz assim?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Peguei meu tubarão de pelúcia, o Flávio, e sentei na beirada da janela, o céu estava azul que nem água e o vento cheirava engraçado, cheirava meio mar. Pulei pr'o jardim e comecei a correr com o Flávio.
- O que está fazendo? - Aquele menino engraçado da outra casa gritou pela grade.
- Brincando com o Flávio.
- O tubarão?
- É, quer brincar?
Ele pulou a grade com um barquinho na mão e veio até mim.
- Vamos brincar de pirata?
- Tá bom, seu tubarão tenta comer meus piratas.
- O Flávio? Ele não come gente .
- Tudo bem, meus piratas matam ele primeiro.
- Por que o Flávio tem que morrer?
- Porque é isso que piratas fazem, matam e roubam. Ah.. e bebem rum.
- Aposto que não, aposto que piratas são legais.
- E o que é mais legal que isso?
- Viver no mar sem ninguém pra mandar em você, sem dever de casa e fazendo o que quiser.
- Tanto faz, você nunca vai saber, você não pode ser pirata.
Ele pegou o barquinho e foi até a cerca.
- Posso sim!
- Não pode, você é menina!
- E você é.. é.. eu vou te mostrar! - Corri p'ra casa chorando e foi assim que tudo começou.

domingo, 17 de agosto de 2008

About love

Entraram no carro, o som no máximo, as janelas abertas, o vento frio da noite britânica invadindo o automóvel e bagunçando tudo lá dentro; cabelos, meninas e mentes. O cheiro era de álcool, cigarro, sorriso, perfume de menta, amizade, Inglaterra e perfume de morango. As duas meninas cantavam her hearts out sua banda favorita, cantavam seus sorrisos, cantavam a alegria que era estarem ali juntas, vindo do melhor show de suas vidas. Eram um misto de adrenalina, alegria, êxtase e álcool dentro da noite inglesa, donas de seus próprios narizes num país estrangeiro. Era tudo meio irreal, surreal, inacreditável, maravilhoso, louco e elas sentiam que se fechassem os olhos por muito tempo, tudo sumiria. Inconsequentemente responsáveis, as morenas -e seus piercings e tatuagens- seguiram por ruas feitas de luz britânica, por dentro de túneis, por cima de pontes, across the universe and into the night, curtindo a tal da vida louca.


Ila.


(Preciso dizer?Massive.De frente pra trás, vice e versa, upside down, de dentro pra fora. Principalmente de dentro da fora. If you know what I mean.Vermelho e amarelo.
GATA!)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A indescritível sensação de um bom dia

Um bom dia onde você faz um conjunto de prova tranqüilas, termina cedo, ri com seus companheiros de sala até ser liberada. Um bom dia onde você passa o resto da manhã dando voltas sem propósito com aquele grupo de pessoas que exalam algo que você não sabe o que é, mas é muito bom de sentir. Um bom dia onde você tem que forçar o almoço a atravessar seu sorriso. Um bom dia cheio de trilhas sonoras, cheiros e cores diferentes. Um bom dia onde, mesmo falando outra língua, você se sente confortável. Um bom dia cheio de situações inventadas com finais bizarros e inesperados. Um bom dia onde você encontra aquelas pessoas que, por menos que vocês tenham convivido, deixam algo em você. Um bom dia onde você mata saudades e vontades. Um bom dia onde você não tem preocupações. Um bom dia que vai deixar saudade mesmo com a certeza de que outros bons dias virão.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Paleta

Depois de liquidificar um arco-íris e misturar o resultado com açúcar, tempero e tudo que há de bom, conseguimos o resultado. Uma pasta de todas as cores que realmente importam, cor de sorriso, cor dos olhos, cor de amizade, cor do vento soprando as velas de um clipper, cor favorita e -por um acaso- a cor da gravata do Uncle Fate.

domingo, 10 de agosto de 2008

Comofas?/

E o que fazer quando já escreveram tudo o que eu queria?
Minhas aventuras já foram encaradas, meus mistérios já foram desvendados, meus sentimentos já foram cantados, meus discursos já foram sussurados e agora estou aqui - cercada por palavras repetidas enquanto vivo o momento que, certamente, já foi vivido.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Enquanto o tempo pára

A vontade te escorre da boca, te derrete o peito e furta teu ar
Quer provar do beijo da garota sendo mais que os outros, ensine-a-voar
Ela faz pose de boazinha, provocando-o só por existir
E você sangrando, ferido à flecha, esperando o amor lhe consumir

Mão ali, boca lá, cheiro aqui.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Por trás dos panos

O interior da lona era abafado, mas não havia problema. Os pés descalços da maioria no chão de terra levantavam um pouco de poeira, mas não havia problema. As barrigas das crianças famintas roncavam em agonia, mas não havia problema.
Uma fumaça lilás se materializou no picadeiro e prendeu a atenção de todos, o calor foi esquecido, os pés se aquietaram e até as barrigas pararam de roncar para ouvir o que aconteceria em seguida. O mágico fez seu número com coelhos, fitas, panos e cartas recebendo uma enxurrada de palmas enquanto dava lugar ao malabarista. O mágico enxugou a testa na manga, puxou um caixote e sentou ao lado do palhaço do lado de fora da lona.
- Cigarro? - O palhaço estendeu o maço. O mágico pegou um dos cigarros e o acendeu com um estalo.
- Guarde seus truques p'ra essa gente. - O palhaço resmungou.
- Fiz alguns números interessantes ali, devia ter visto como aplaudiram, ganhei meu dia.
- Eles bateriam palmas para uma pilha de bosta se ela fizesse alguns pedaços de carne branca com orelhas enormes pularem pelo palco, deviam ter te avisado.
O mágico suspirou.
- Não sei como alguém com seu humor consegue ser palhaço.
- O que resta do meu coração, por algum motivo, quer a felicidade dessa gente.
- Nobre. Mas ainda não gosto de você.
- Eu sei. Tenho que te contar que não ligo.
O mágico fechou os olhos e sorriu, o palhaço fez o mesmo e assim ficaram por um tempo.
- Está na minha hora, alguém tem que fazer essa gente esquecer os problemas e sorrir, nem que apenas por agora. Depois de hoje a vida continua. - O palhaço levantou, colocou seu melhor sorriso no rosto e desapareceu por trás dos panos.