sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Meus bilhetes
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Ouço meu coração bater desritmado e ecoar n'água. O ar me falta, mas eu não vou voltar à superfície, voltar à realidade, à falta de propósito. Meus olhos ardem, mas eu não vou reprimir as lágrimas que se misturam. Meus pulmões gritam, mas eu não vou me livrar da água que me invade.
Vou continuar nadando em silêncio, boiando em silêncio, chorando em silêncio, sofrendo em silêncio, até a música voltar e juntar os pedaços do meu coração.
sábado, 25 de outubro de 2008
Terceiro show
Saber que eles estão bem ali, no extremo do país, do meu país e não poder estar lá gritando com eles é no mínimo frustrante. Então grito daqui. E grito mais alto.
Well..here's My Heart
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Segundo show
Eu posso até ver.
Os celulares e máquinas dançando freneticamente, as gargantas arranhando, os cabelos que pareciam nunca terem sido penteados, pares de mãos se esmagando mutuamente, dedos se quebrando tentando conter a adrenalina, montes e montes de pessoas contendo - ou não - os pulinhos. Até que tudo escurece. As guitarras explodem junto com as luzes, os gritos e os cinco sacudindo as cabeças no palco. Os fãs começam a fazer tudo o que faziam antes de uma vez só, pular dando gritinhos se descabelando e quebrando os dedos de seus companheiros.
To let the flames begin
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
terça-feira, 21 de outubro de 2008
- Esses dias estão meio nublados demais. - A garota comentou afundando as mãos nos bolsos.
- Ahm? - Ele puxou o fone do ouvido.
- Os dias.. estão nublados demais. - Ela repetiu, encarando-o.
Ele assentiu triste e recolocou o fone no lugar.
- Posso escolher a próxima? - Ele perguntou estendendo a mão.
Ela murmurou qualquer coisa e tirou as mãos do bolso, o aparelho reprodutor de músicas de um verde-desbotado veio com uma das mãos, e o entregou ao garoto. Ele girou o polegar rápido pelo disco do Menu, apertou mais um par de botões e devolveu o aparelho à garota. Uma guitarra começou rápida nas cabeças dos dois e ela sorriu, era a música que ele sempre escolhia, como ela não desconfiou? Trocaram um olhar rápido junto com a vontade de cantar e pararam em um lugar qualquer.
Ele levou o microfone imaginário para perto da boca enquanto ela tocava o piano no ar, as palavras cantadas aos seus ouvidos os preparavam para a melhor parte.
E aí vinha mais gritaria, guitarra, gritaria com guitarra e uma sirene. E sorrisos.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Eu não quero que o amanhã chegue, e se o amanhã for muito diferente do hoje? O hoje já foi bem diferente do ontem e eu não quero que as coisas fiquem mais e mais distantes do ante-ontem, dá pra entender?
Medo. Eu tou com medo. Tou morrendo de medo de tudo, morrendo de medo de nada.
Morrendo.
Medo.
A gente tem mesmo que promover o desapego?
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
The story of a life
Depois do parque lembro de cruzar com você várias vezes pelas ruas perto de casa, você me chamava pra brincar por consideração e eu recusava, para o alívio de ambas as partes, por medo de pegar piolho. Os anos que seguiram foram assim até a conhecida 'pré-adolescência', fase em que eu, você e todas os outros com nossa idade começamos a nos interessar pelo sexo oposto, fase em que as garotas andavam em bandos dando risadinhas e que os garotos desfilavam com pose de atleta por perto desses bandos. Uma das garotas da nossa turma da escola resolveu dar uma festa, todos os nossos amigos estavam lá e você estava uma gracinha, você me ofereceu um copo de refrigerante e me chamou para passear lá fora, o céu estava lindo e estrelado, você pegou na minha mão e me deu um beijo na bochecha. Foi a primeira vez -das muitas- que namoramos.
O tempo passou e nós passamos com ele, um pouco mais velhos você me chamou para ir ao cinema com você e seus amigos. Aceitei. Na porta do cinema eu esperava nervosa, não sabia porque, mas estava nervosa. Você chegou sozinho, disse algo sobre alguns amigos terem desistido, outros estarem de castigo, outros viajando e outros não terem confirmado se iam, eu, ingênua, acreditei. No meio do filme você me cutucou, eu virei e você me roubou um beijo, passei mais tempo do que gostaria digerindo a informação e você esperando o pior, no fim das contas nos beijamos outra e outra vez. Foi o primeiro dos filmes que não assistimos.
No auge de nosso adolescer, você lembra, o Bruno havia completado dezessete e conseguiu que os pais saíssem de casa para ele dar uma festa, arranjamos bebidas e todo o resto. De todos os convidados, nós éramos os únicos ainda alegres, você me levou para um cômodo qualquer e lá ficamos. Sorrisos, mãos, bocas, barrigas, nucas, coxas, narizes. Foi a primeira vez que nos desejamos.
Por muito tempo seguimos cuidando um do outro, namorando e rompendo sabendo que estaríamos sempre juntos, perdendo cenas cruciais de filmes esquecidos e nos desejando mais e mais até que você se foi. Te levaram de mim e contigo toda aquela certeza. O banco daquele parque foi meu melhor amigo por muito tempo, ele me ouviu, fez companhia, apagou meus cigarros e se molhou com minhas lágrimas, até esperou você voltar. Hoje não choro mais, não choro nem te espero, ninguém nunca voltou do lugar pra onde te levaram -ok, talvez Jesus, mas apenas ele- apenas penso e respiro. Me sinto sufocar toda vez que volto aqui, metade fumaça de cigarro e metade nostalgia, acredito, mas não é uma sensação ruim, me faz acreditar que vou te encontrar mais cedo. Não, não sou nenhum tipo de suicida, mas também não tenho medo de partir. Eu sinto a sua falta.
Porra, e como sinto.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Porque sempre é melhor postar..né?
Escolhi um livro de capa verde e preta e fui procurar o atendente simpático, ele não estava a vista, criei coragem, apertei o livro contra o peito e fui perguntar o preço ao dono da loja. O dono da loja era um grandalhão ruivo com cara de poucos amigos, ele tomou o livro das minhas mãos, deu uma olhada rápida na contra-capa e grunhiu um 'Trinta e nove', ríspido. Trinta e nove, amassei um par de notas no fundo do bolso, como eu pretendia comprar alguma coisa com apenas vinte? Murmurei um tímido 'obrigada' e me virei rapidamente, dando de cara com alguma coisa. Quando abri os olhos eu e o atendente simpático estávamos caídos no chão com um monte de livros a nossa volta, não pude ver o olhar de desprezo que o grandalhão ruivo me mandou, apenas o conhecido sorriso de "está tudo bem" do atendente. Seus cabelos castanhos caídos sobre o rosto enquanto ele apanhava os livros, seus dentes mordendo o lábio para conter o riso, as mangas da blusa social verde se dobrando e desdobrando junto com os braços, suas orelhas estranhamente pontudas num estilo meio Elfo,.. "Ajude ele, idiota" uma voz gritou na minha cabeça me acordando do transe momentâneo. Lembro de, enquanto apanhava os livros, desejar aquele clichè dos filmes em que as mãos se tocam enquanto eles pegam um objeto - no caso, um dos livros - trocam olhares apaixonados e na cena seguinte se atracam atrás de uma estante qualquer. Enrubeci ao me dar conta que ele olhava para mim e agradeci por ele não poder ler mentes. Ele não podia, podia? Desespero momentâneo, bochechas quentes e frio na barriga, peguei minhas coisas tentando parecer normal, gritei um 'tchau, Elfo' e saí da loja. Tchau, Elfo?! Isso porque eu queria parecer normal, seria melhor ter passado uma cantada de pedreiro no cara e depois a mão na bunda dele!
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Confissão tardia
Ela nem queria, mas ele havia passado o dia com ela - em todos os seus diálogos, em seus pensamentos, em seus devaneios, tudo.
Chegou em casa, atirou as roupas sobre a cama e ligou o computador como de costume. Uma música qualquer começou alta e um barulho intruso lhe chamou atenção, uma barrinha laranja piscava frenética no canto da tela, era ele. Ela clicou na pequena barra, começaram a conversar. Conversa vai, conversa vem e ele soltou: “Deixa eu te dizer uma coisa? Eu te amo.” Ela congelou, leu e re-leu a tal frase, digerindo a informação. Tá, ele era um menino e meninos sempre vulgarizam e exageram as coisas, mas ela se sentiu muito bem mesmo assim. “Tem pessoas que nos fazem bem, né?” Mandou. “Tem sim” ele respondeu. “Você me faz bem” Os dois mandaram simultaneamente, leram e sorriram aquele sorriso, o bobo.
Um belo dia perdido nas páginas do mês de abril.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
E eles sempre me disseram que era um erro. Sempre disseram que era besteira e idiotice me apaixonar por alguém que tinha os dias contados. Mas eu não achei ruim de jeito nenhum ter me apaixonado por você, ter passado por tudo o que a gente passou, ter vivido cara momento e ter dividido cada resquício de felicidade contigo. Não me arrependo. Sofri e ainda sofro com a sua falta, mas o que eu posso fazer? Se você não tivesse me feito prometer não acelerar as coisas pode ter certeza de que eu estaria aí com você, onde quer que você esteja, mas eu posso esperar. O que são mais alguns anos, eu nem devo durar muito. Ponho a culpa na medicina mesmo sabendo que sem ela você não teria me acompanhado por tanto tempo.
Pelos meus ovários!! Pra onde foi minha criatividade?!